
Se olho discretamente pela janela, vejo uma vida cheia de instantes superficialmente harmônicos.
Há uma névoa lá fora, eu quero ver através dela. Eu preciso, mas da janela não consigo.
É preciso abrir a porta.
A mão fúnebre é incapaz de fechar a janela, sinto que me falta o ar, é como se um fio de vida me restasse e então... Uma imensidão de fragmentos me compõe e a janela se fecha.
O corpo frágil se move lentamente em direção a intocável porta, me tomo estática por um instante e novamente vejo minha vida passar.
Me vejo invadida por lembranças que me enfraquecem, coisas que vi, ouvi e acreditei ser real por muito tempo, e em meio a tantos fragmentos percebo que as palavras foram jogadas ao léu e já não me trazem confiança.
Surpreendentemente uma força imensa me consome e antes que eu me desse conta a porta esta aberta e já estou lá fora.
Meus passos me levam com autonomia que nunca antes lhes dei.
A névoa se aproxima e inevitavelmente atravessarei e desta vez sem medo, e mesmo que não encontre nada de meu continuarei a seguir porque a porta está aberta e eu posso ir.
17/02/2010 – finalizada em 16/03/2010 (00:22)
Nenhum comentário:
Postar um comentário