terça-feira, 16 de março de 2010

Fragmentos



Se olho discretamente pela janela, vejo uma vida cheia de instantes superficialmente harmônicos.
Há uma névoa lá fora, eu quero ver através dela. Eu preciso, mas da janela não consigo.
É preciso abrir a porta.
A mão fúnebre é incapaz de fechar a janela, sinto que me falta o ar, é como se um fio de vida me restasse e então... Uma imensidão de fragmentos me compõe e a janela se fecha.
O corpo frágil se move lentamente em direção a intocável porta, me tomo estática por um instante e novamente vejo minha vida passar.
Me vejo invadida por lembranças que me enfraquecem, coisas que vi, ouvi e acreditei ser real por muito tempo, e em meio a tantos fragmentos percebo que as palavras foram jogadas ao léu e já não me trazem confiança.
Surpreendentemente uma força imensa me consome e antes que eu me desse conta a porta esta aberta e já estou lá fora.
Meus passos me levam com autonomia que nunca antes lhes dei.
A névoa se aproxima e inevitavelmente atravessarei e desta vez sem medo, e mesmo que não encontre nada de meu continuarei a seguir porque a porta está aberta e eu posso ir.
17/02/2010 – finalizada em 16/03/2010 (00:22)

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